Era uma manhã nublada de um desses dias de janeiro, o frio da noite ainda não se tinha ido por completo e Eleonor estava confortavelmente deitada em sua cama. Ela estava lembrando de sua infância, pensando em como era bom acordar enquanto sua mãe ainda cedinho preparava o café, exalando assim aquele cheiro característico, quase poético que sempre lhe pareceu o odor do novo, do renascer da vida, do novo dia que surge, da vida que insiste em reaparecer após uma noite calada e sombria. Esse cheiro todas as manhãs invadia o quarto que ela dividia com os irmãos menores. Eleonor sempre gostou de acordar cedinho e perceber os odores da casa, as conversas dos seus pais, senti-los perto antes que eles fossem trabalhar, pois, a simples visão deles logo no início da manhã lhe enchia de coragem. -Mas, isso foi há bastante tempo- pensava Eleonor, agora ela não conseguia mais sentir o cheiro do café que sua mãe aprontava e nem poderia naquele instante vê seus pais.
Eleonor retornou do passeio que fizera à suas memórias guardadas em algum lugar do seu ser, e percebeu que ainda estava ali parada na cama. Esforçou-se para levantar embora ainda fosse muito cedo para ir ao trabalho, fez um esforço sobrenatural e saiu relutante da cama dando alguns passos em direção ao banheiro inteiramente branco. Ao entrar, olhou-se no espelho, e percebeu como seu rosto estava inchado, ela não havia dormido bem e isso era perceptível. Seu marido mais uma vez não havia dormido em casa. Isso na realidade já não era mais um fato que lhe causasse tanto espanto, pelo contrário, tornou-se um fato corriqueiro. No entanto, essa noite havia sido diferente das outras, Eleonor sentia-se estranhamente modificada e por mais que se esforçasse não conseguia entender o porque. Nesta manhã ela havia sido invadida por uma sensação quase claustrofóbica, era como se estivesse presa e determinada a liberta-se.
Dessa forma, deu alguns passos em direção ao interior do banheiro e encarou corajosamente o frio daquela água, pois, achava que aquele ato lhe daria ânimo para encarar a vida e seus desafios. Eleonor realmente acreditava que aquela chuveirada lhe arrancaria a inexplicável sensação que havia invadido seu corpo, assim, ela deleitou-se com aquela água que caía gelada, limpa e renovadora; ao fim do banho, Eleonor apanhou a toalha e enrolou-se, saindo em direção à cozinha. Depois desse banho ela precisava de um bom café.
Rhilenne Feitosa
Meu Deus, eu esperei tanto por esse texto. Vou colocar no meu blog...Não se preocupe que eu vou creditar. ADORO. ;*
ResponderExcluirlenne, num me deixe curioso pela continuação!rsrs
ResponderExcluirfico no aguardo.. parabéns!
Hênio Aragão
cara de tanto falarem acho q até eu estava na expectativa desse texto... muito bom! meus parabens e continue a escrever e entreter seus humildes leitores afinal como dizia o poeta: "as palavras libertam"
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